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Como achar um balanço nas rotinas de casa

Como achar um balanço nas rotinas de casa
Andre Sanches
out. 20 - 8 min de leitura
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Um dos primeiros livros a trazer o pai para o assunto da criação dos filhos foi lançado em 1974. O livro escrito por Salvador Minuchin, Families and Family Therapies, propõe uma nova análise da família. 

Essa análise para Salvador Minuchin funciona de uma maneira diferente da que era enxergada até então, ela propõe que todos os membros da família façam parte de um conjunto e quando um não está operante o sistema falha, a igualdade da divisão das tarefas não é importante, o que importa é se todos que fazem parte do sistema estão satisfeitos e felizes.

Minuchin ainda fala que uma família será funcional ou disfuncional com base na sua capacidade de se adaptar a diversos fatores de estresse.

2020 um ano de estresse e mudanças para muitas famílias.
 

Se analisarmos a forma de pensamento de Minuchin, muitas famílias podem estar passando por momentos determinantes devido a pandemia. Muitas casas passaram por transformações e uma nova dinâmica se fez para muitos. 

Uma pesquisa feita pela ONG Promundo, analisou famílias durante o período de COVID em 5 países, e o resultado sugere que o sistema familiar de muitas casas, seguindo a linha de Munichin, está em desalinho. Mesmo com pais e mães passando mais tempo em casa o estudo mostra que a desigualdade no cuidar continua, pais estão fazendo mais, porém as mães fazem ainda mais. Outro dado que o estudo sugere é que enquanto o número de mulheres estressadas subiu, homens surpreendentemente, apesar da situação econômica, estão mais felizes por estarem em casa.

Vale ressaltar que antes da pandemia, mulheres realizavam até 2 horas e meia a mais de trabalhos domésticos e cuidados com os filhos do que homens, mesmo ocupando 45% da força de trabalho do país. Essa segunda jornada de  trabalho a mais das mulheres que por muitas vezes é influenciado pelo machismo ou questões de classe pode apresentar mudanças numa simples matemática. A Promundo calculou que num país como o Brasil homens precisam fazer 50 minutos a mais, e mulheres fazer 50 minutos a menos de tarefas da casa para que o sistema familiar funcione. 

A importância da participação dos homens nas tarefas da casa. 
 

A pesquisa ainda mostra que durante a pandemia homens e mulheres pedem e precisam de coisas diferentes, mulheres querem descanso, enquanto homens querem mais tempo com suas parceiras.

É evidente que todos se beneficiam quando o sistema familiar está engrenado, além de terem mais chances no mercado de trabalho, mulheres tendem a ser mais felizes com a maior participação dos maridos. Pesquisas ainda apontam que homens que cuidam da casa, dos filhos e também se cuidam, vivem mais, tem saúde física e mental melhor e tem menos riscos de dependência. 

A Psicopedagoga Carolina Alves Vieira traz uma análise interessante desse ponto: "Desde seu nascimento os homens usufruem de privilégios, estimulados pela própria criação, fruto de uma cultura. A esposa dentro de sua casa é vista como “agente facilitador”, fazendo portanto o homem sentir-se no direito de querer tê-la por perto sem considerar que algumas vezes isso não se coloca prioritário no momento. Enquanto isso a mulher sente-se pressionada no papel de “cuidadora”, com tantas tarefas centralizadas em si como cuidados com os filhos e tarefas domésticas enquanto seu desenvolvimento profissional ocupa um plano secundário''

Carolina Vieira também analisa a falta de cuidados dos homens: "A falta do autocuidado dos homens sem dúvida alguma é uma questão cultural, existe um sentimento geral nos meninos que os fazem pensar que são “sempre fortes”, ou “que nunca choram” e “pouco sentem dores” e isso infelizmente só incentiva a falta de cuidados. Um pai que é responsável e cuida de sua saúde física e mental, previne-se de possíveis problemas que possam desestruturar sua saúde e consequentemente sua família. Precaver além de ser necessário é fundamental para que seus filhos tenham como exemplo e façam o mesmo sem preconceito, como um hábito adquirido desde pequeno."

 

E como encontrar o equilíbrio?

 

Fazer uma lista das atividades da casa é essencial, essa lista pode ser feita por tópicos, por exemplo comida. O que engloba comida? Ida ao mercado, feira, cozinhar e cuidar da louça. Outro tópico pode ser roupas: lavar, pendurar, passar e guardar estão relacionados. Depois da lista pronta, está na hora de analisar as qualidades e habilidades de cada um da casa, no que você e sua parceira são bons? O que o homem ou a mulher da casa fariam mais rapidamente e com prazer? Seus filhos já tem idade para participar das tarefas, se sim, inclua eles! 

Uma forma que funciona bem na minha casa é dividir as tarefas por horário livre que temos, o que precisa ser feito pela manhã, eu faço e que pode ser feito a tarde, minha parceira faz, nas demais atividades dividimos pelo que gostamos, ou não nos importamos de fazer. Vai sempre ter aquela tarefa que ninguém quer fazer, e é nessa hora que entra o revezamento, e aqui o rádio bem alto, se for para fazer, vamos com música! 


Achar um balanço que funcione para todos da casa é fundamental, Carolina Vieira completa: “Pais unidos, que se ajudam e educam seus filhos dentro de um ambiente com igualdade e parceria, no qual a criança aprende desde pequena, por exemplo, que as tarefas de casa devem ser feitas por todos da mesma maneira, com divisões iguais, criam filhos com habilidades fundamentais para vida, tais como autonomia, segurança, independência e organização. Acrescento ainda a importância da igualdade que tanto é necessária para que vejamos famílias mais harmônicas". 

E como incentivar crianças a participarem das atividades?

Ter a ajuda das crianças desde cedo, pode ser determinantes para criarmos crianças mais ativas. A pedagoga Jacqueline Santana fala da importância das crianças sentirem se felizes em colaborar com as atividades: "Para que a criança sinta gosto em ajudar, é importante proporcionar a ela um ambiente agradável, auxiliando sempre no que ela estiver fazendo, pois assim, ela vai se sentir segura e vai fazer daquele momento, além de uma distração, uma diversão''

Jacqueline ainda fala da importância dos pais terem paciência nesse começo: "No princípio essa ajuda dos pequenos pode nos gerar conflitos, estresse e falta de paciência, pois exige mais tempo para terminar, algo que em poucos minutos faríamos, mas é aí que devemos manter a calma, praticar a virtude da paciência e ensiná-los. Aos poucos eles vão pegando o ritmo e todos da casa vão se beneficiando das ajudas que sempre são bem-vindas em um lar."


Como cada criança pode colaborar?
 

A pedido do site, Jacqueline montou uma referência do que as crianças podem fazer de acordo com a idade elas. 

Dos 2 aos 3 anos crianças já podem guardar seus brinquedos no lugar, podem jogar o lixo no lugar e certo e também  podem participar da rega das plantas. 

Dos 4 aos 5 anos Jacqueline fala da importância das crianças em se vestirem sozinhas, com supervisão crianças também podem ajudar com a louça e colocar a mesa para refeições. 

Dos 6 anos em diante a criança já é capaz de exercer muitas funções do ambiente familiar, além de cuidar dos irmãos mais novos se tiver,  a criança pode arrumar a cama, preparar seu lanche, organizar a mochila e cuidar do animal de estimação.

O importante é lembrar que para as crianças se sentirem estimuladas essas atividades precisam ser feitas com diversão e sem cobranças rígidas. 

 


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